A Saúde Mental dos Profissionais Psicólogos em Trabalho Remoto

Resumo

O objetivo deste artigo é identificar os impactos do trabalho remoto na saúde mental dos profissionais psicólogos, durante a pandemia de Covid-19. Regulamentado para a categoria desde 2012, os profissionais recorreram ao trabalho remoto para garantir a continuidade de suas atividades diante do isolamento social. As atividades desempenhadas pelos profissionais psicólogos envolvem um intenso relacionamento interpessoal, o que pode causar sofrimento diante da forma que são executadas suas atividades laborais e o relacionamento com as pessoas atendidas. Para atingir esse objetivo, foi aplicado um questionário online, contendo 39 perguntas mistas, divididas em cinco seções, com a coleta de dados ocorrendo por amostragem bola de neve. Os participantes da pesquisa foram 46 profissionais psicólogos dos gêneros feminino (71,7%) e masculino (27,3%), com estados civis de casados (50%), solteiros (39,1%), divorciados (6,5%) e viúvos (4,4%), tendo até dois filhos (10,8%) e atuação em diversas áreas, sendo elas: clínica, organizacional, hospitalar, pesquisa, acadêmica, escolar, neuropsicologia e social. Observou-se que 27 (58,6%) dos participantes possuem uma carga horária de até 40 horas semanais, sendo que o menor tempo de atuação é de apenas 6 meses (2,1%) e o maior de 46 anos (2,1%). Além disso, foram selecionados e entrevistados três profissionais, através de 10 perguntas abertas, com tempo médio de 40 minutos, que, voluntariamente, se disponibilizaram para o aprofundamento de informações relevantes ao tema. Os resultados deste estudo contribuíram para compreender de forma mais ampla os efeitos causados na saúde mental dos profissionais psicólogos em trabalho remoto. Aspectos positivos foram observados, como a economia de tempo, benefícios financeiros, oportunidade de novos estudos, flexibilidade na rotina e maior qualidade de vida. No que se refere aos impactos negativos nesse modelo de trabalho, os principais temas abordados pelos profissionais foram em relação às adaptações ao novo ambiente de trabalho, utilização em excesso de tecnologia, falta de horários fixos, acúmulo de atividades e problemas em conciliar o trabalho com as demandas familiares. Nesse sentido, destaca-se a importância das estratégias de autocuidado na prevenção e promoção da saúde dos próprios profissionais psicólogos.