ESQUIZOFRENIA PARA ALÉM DA PATOLOGIZAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO RECONHECIMENTO DO SUJEITO
Palavras-chave:
esquizofrenia, psicanálise, abordagem psicossocialResumo
A esquizofrenia ainda promove muito estigma, sendo um tipo de sofrimento que ainda gera muitos preconceitos, inclusive entre profissionais de saúde mental, o que, consequentemente, reflete no cuidado ofertado a pessoas com esse diagnóstico. Os objetivos deste trabalho foram discutir aspectos relativos ao diagnóstico de esquizofrenia. Discutir os tipos de tratamentos empregados para pessoas diagnosticadas com esquizofrenia, pensando a partir de uma perspectiva que valoriza a autonomia dos sujeitos com esse diagnóstico, para isso foram apresentados diversas intervenções que vão para além do modelo médico. As discussões se deram com base na teoria psicanalítica. Foram realizadas entrevistas com profissionais de saúde mental e usuários de serviços de saúde mental. Como método de análise foi utilizada a hermenêutica de profundidade. Os relatos analisados permitiram identificar e discutir pontos importantes, como o respeito pela subjetividade enquanto ponto principal no cuidado de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia, a heterogeneidade nesse tipo de sofrimento, além de ter sido possível refletir acerca das mudanças que ainda se mostram necessárias para que pessoas com diagnóstico de esquizofrenia sejam reconhecidas enquanto sujeitos para além de seus sintomas.
Downloads
Referências
Agoff, C., & Herrera, C. (2019). Entrevistas narrativas y grupos de discusión en el estudio de la violencia de pareja. Estudios sociológicos, 37(110), 309-338.
Altamura, A. C., Fagiolini, A., Galderisi, S., Rocca, P., & Rossi, A. (2015). Integrated treatment of schizophrenia. Journal of Psychopathology, 21(Suppl), 777-780.
Amaral, M. C. M. (2006). Narrativas de reforma psiquiátrica e cidadania no Distrito Federal [Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília].
Amarante, P., & Torre, E. H. G. (2010). Medicalização e determinação social dos transtornos mentais: a questão da indústria de medicamentos na produção de saber e políticas. In R. P. Nogueira. Determinação Social da Saúde e Reforma Sanitária (pp. 151-160). CEBES.
American Psychological Association. (2014). DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed.
Andrade, M. M., & de Cerqueira Netto, F. P. (2019). Hermenêutica de profundidade: um referencial, dois ensaios e alguns apontamentos. Zetetike, 27, e019015-e019015.
Aparecido, G. A., & da Silva, D. A. (2020). Pessoas com esquizofrenia: percepção acerca da discriminação e do estigma. Research, Society and Development, 9(3), e78932444-e78932444.
Basaglia, F. (2005). Escritos selecionados. Garamond.
Bezerra Jr, B. (2007). Um apelo à clínica: nem o respaldo da norma, nem o extravio na dor. Cadernos de Saúde Mental, 23-31.
Birman, J. (2003). Loucura, singularidade, subjetividade. In Conselho Federal de Psicologia (Org). Loucura, ética e política: escritos militantes. Casa do Psicólogo.
Boni, V., & Quaresma, S. J. (2005). Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Em tese, 2(1), 68-80.
Bruscato, W. L., Benedetti, C., & Lopes, S. R. de A. (2004). A prática da psicologia hospitalar na Santa Casa de São Paulo: novas páginas em uma antiga história. Casa do psicólogo.
Camargo, S. (2020). Esquizofrenia e experiência social: loucura, crítica e reconhecimento. ECOS-Estudos Contemporâneos da Subjetividade, 9(2), 295-307.
Costa, I. da (2014). Sofrimento humano, crise psíquica e cuidado: dimensões do sofrimento e do cuidado humano na contemporaneidade. UNB.
Costa, I. I. (2003). Da fala ao sofrimento psíquico grave: ensaios acerca da linguagem ordinária e a clínica familiar da esquizofrenia. Ed. do Autor.
Costa, M. D. O. (2016). De que cor será sentir? Método psicanalítico na psicose. Minha Editora.
Corstens, D., Longden, E., McCarthy-Jones, S., Waddingham, R., & Thomas, N. (2014). Emerging perspectives from the hearing voices movement: implications for research and practice. Schizophrenia Bulletin, 40(Suppl_4), S285-S294.
Coutinho, A. H. S. de A. (2005). Schreber e as psicoses na psiquiatria e na psicanálise: uma breve leitura. Reverso, 27(52), 51-61.
Dias, M. J. F. (2018). Open Dialogue: a Brazilian experience-Open Dialogue: uma experiência no Brasil. Diversitates International Journal, 9(3), 97-110.
Feitosa, K. M. A., Silva, T., Silveira, M. D. F. de A., & Santos Junior, H. P. D. O. (2012). (Re)construção das práticas em saúde mental: compreensão dos profissionais sobre o processo de desinstitucionalização. Psicologia: Teoria e Prática, 14(1), 40-54.
Freud, S. (1996). O ego e o id e outros trabalhos. In S. Freud. Edição Standard brasileira das obras psicológicas de completas de Sigmund Freud (Vol. 19). Imago.
Jucá, V. J. D. S. (2005). A multivocalidade da cura na saúde mental: uma análise do discurso psiquiátrico. Ciência & Saúde Coletiva, 10(3), 771-779.
Karon, B. P. (2003). The tragedy of schizophrenia without psychotherapy. Journal of the American Academy of Psychoanalysis and Dynamic Psychiatry, 31(1: Special issue), 89-118.
Kantorski, L. P., Bielemann, V. D. L. M., Clasen, B. N., Padilha, M. A. S., Bueno, M. E. N., & Heck, R. M. (2010). A concepção dos profissionais acerca do projeto terapêutico de Centros de Atenção Psicossocial-CAPS. Cogitare Enfermagem, 15(4), 659-666.
Laursen, T. M. (2019). Causes of premature mortality in schizophrenia: a review of literature published in 2018. Current Opinion in Psychiatry, 32(5), 388-393.
Lobosque, A. M. (2001). Experiências da loucura. Garamond.
Lobosque, A. M., & Conselho Federal de Psicologia. (2003). Loucura, ética e política: algumas questões de ordem da luta antimanicomial. In Conselho Federal de Psicologia. Loucura, ética e política; escritos militantes (pp. 20-39). Conselho Federal de Psicologia; Casa do Psicólogo.
Mielke, F. B., Kantorski, L. P., Jardim, V. M. D. R., Olschowsky, A., & Machado, M. S. (2009). O cuidado em saúde mental no CAPS no entendimento dos profissionais. Ciência & Saúde Coletiva, 14(1), 159-164.
Moll, M. F., & Saeki, T. (2009). La vida social de personas con diagnóstico de esquizofrenia: usuarios de un centro de atención psicosocial. Revista latino-americana de enfermagem, 17(6), 995-1000.
Moura, J. F. de, & Nacarato, A. M. (2017). A entrevista narrativa: dispositivo de produção e análise de dados sobre trajetórias de professoras (pp. 15-30). Cadernos de Pesquisa.
Nascimento, A., F. & Galvanese, A., T., C. (2009). Avaliação da estrutura dos centros de atenção psicossocial do município de São Paulo, SP. Revista de Saúde Pública, 43(suppl. 1), p. 8-15. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-89102009000800003.
Nasio, J. D. (2011). Os olhos de Laura. Schwarcz-Companhia das Letras.
Neves, J. L. (1996). Pesquisa qualitativa: características, usos e possibilidades. Caderno de pesquisas em administração, 1(3), 1-5.
Noto, C. S., & Bressan, R. A. (2009). Esquizofrenia: Avanços no Tratamento Multidisciplinar. Artmed.
Ochoa, S., Martínez, F., Ribas, M., García-Franco, M., López, E., Villellas, R., ... & Haro, J. M. (2011). Estudio cualitativo sobre la autopercepción del estigma social en personas con esquizofrenia. Revista de la Asociación Española de Neuropsiquiatría, 31(3), 477-489.
Oda, A. M. G. R., & Dalgalarrondo, P. (2005). História das primeiras instituições para alienados no Brasil. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 12(3), 983-1010.
Oliveira, W. V. D. (2011). A fabricação da loucura: contracultura e antipsiquiatria. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 18(1), 141-154.
Passos, E., Sade, C., & Macerata, I. (2019). Gestão Autônoma da Medicação: inovações metodológicas no campo da saúde pública. Saúde e Sociedade, 28(4), 6-13.
Pessotti, I. (1996). O século dos manicômios. Editora 34.
Prediger, R. P., Scherer, L., & Allebrandt, S. L. (2018) Hermenêutica de Profundidade e suas possibilidades metodológicas: um levantamento bibliométrico da produção científica essa metodologia. Contribuiciones a las Ciencias Sociales.
Santos, P. V. dos, Souza, F. G. de, Aquino Lemos, V. de, & Sardinha, L. S. (2019). Dificuldades de aceitação da sociedade em relação a pessoas com esquizofrenia. Diálogos Interdisciplinares, 8(10), 69-78.
Secretaria de Saúde. Atenção Básica (novembro, 2020). Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Cidade de São Paulo, saúde. Recuperado em 10 de dezembro de 2020, de https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/atencao_basica/index.php?p=204204
Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. Campanha de Saúde Mental: 1 em cada 4 pessoas vão ter e você nem sabia. Recuperado em 10 de dezembro de 2020, de https://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/campanha-de-saude-mental/1278
Secretaria de Saúde do Distrito Federal. (outubro, 2018). Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Recuperado em 10 de dezembro de 2020, de https://www.saude.df.gov.br/carta-de-servicos-caps
Silva, R. C. B. D. (2006). Esquizofrenia: uma revisão. Psicologia USP, 17(4), 263-285.
Silva, A. P. D., Nascimento, E. G. C. D., Pessoa, J. M., & Melo, J. A. L. D. (2019). “Por trás da máscara da loucura”: cenários e desafios da assistência à pessoa com esquizofrenia no âmbito da Atenção Básica. Fractal: Revista de Psicologia, 31(1), 2-10.
Silveira, L. C., & Braga, V. A. B. (2005). Acerca do conceito de loucura e seus reflexos na assistência de saúde mental. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 13(4), 591-595.
Sousa, F. S. P. D., & Jorge, M. S. B. (2018). O retorno da centralidade do hospital psiquiátrico: retrocessos recentes na política de saúde mental. Trabalho, Educação e Saúde, 17(1).
Sousa, D., de Pinho, L. G., & Pereira, A. (2017). Qualidade de vida e suporte social em doentes com esquizofrenia. Psicologia, Saúde e Doenças, 18(1), 91-101.
Szasz, T. S. (1978). A fabricação de loucura. Zahar.
Tenório, F. (2002). A reforma psiquiátrica brasileira, da década de 1980 aos dias atuais: história e conceitos. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 9(1), 25-59.
Tenório, F. (2016). Psicose e esquizofrenia: efeitos das mudanças nas classificações psiquiátricas sobre a abordagem clínica e teórica das doenças mentais. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 23(4), 941-963.
Veronese, M. V., & Guareschi, P. A. (2006). Hermenêutica de Profundidade na pesquisa social. Ciências Sociais Unisinos, 42(2), 85-93.
Zgiet, J. (2010). A reforma psiquiátrica no Distrito Federal: um estudo sobre os principais obstáculos ao processo de implementação [Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília.
Zolty, L. (2010). Observações Psicanalíticas sobre as psicoses. In: J. D. Nasio. Os grandes casos de psicose (Vol. 64). Zahar.
