OS USOS E ABUSOS DO OLHAR: CLASSIFICANDO CORPOS POR TRÁS DAS CÂMERAS DE VIDEOMONITORAMENTO

Autores

  • Diego Coletti Oliva FAE Centro Universitário
  • Carolina Ribeiro Pátaro FAE Centro Universitário

Palavras-chave:

Videomonitoramento. Corpo. Mulheres. Vigilância. Olhar

Resumo

O corpo das mulheres está em pauta, nas revistas, nas mídias, nos espaços privados (controle do peso, da comida, dos exercícios físicos) e nos espaços públicos (aborto, direitos sexuais e reprodutivos, sexualidade). As mulheres e seus corpos estão sendo controlados por diferentes dispositivos discursivos generificados. Tal controle é exercido por um olhar que muitas vezes não conseguimos apontar, que realoca corpos e subjetividades de mulheres a um lugar do puro prazer de olhar. São os micropoderes e os micro-olhares que legitimam, dia após dia, um corpo feminino em um lugar de violências amplas e agências reduzidas. Dentro destas microdinâmicas, abordaremos neste artigo como é observado e analisado o corpo feminino através das câmeras de videomonitoramento urbano numa cidade de grande porte do Brasil, contrapondo esses dados com experiências levantadas por outros estudos em diferentes cidades e contextos urbanos. Assim questionamos: o que as câmeras urbanas estão olhando? Como elas olham? Como é vista a figura feminina através das lentes e qual sentido dado a ela? Apoiamos este trabalho sobre uma experiência empírica de observação participante, feita entre fevereiro e abril de 2012, no interior de uma sala de controle central do sistema de videomonitoramento urbano. Dessa maneira, nosso objetivo é evidenciar a forma como os operadores do sistema de vigilância ‘usam e abusam’ do alcance das câmeras, não apenas para colocar em movimento práticas de securização urbana, mas também para reproduzir uma ordem de controle e sujeição sobre as mulheres que cruzam seu campo de visão. Por trás das lentes e dos monitores eletrônicos, os operadores reiteram um lugar particular ao corpo e gesto de mulheres, sob a proteção do olhar eletrônico que vigia e guarda os espaços públicos, invadindo os espaços privados, julgando e classificando os corpos, sexualidades e o direito de ir e vir das mulheres.

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Biografia do Autor

Diego Coletti Oliva, FAE Centro Universitário

Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Curitiba-PR, Brasil.

Carolina Ribeiro Pátaro, FAE Centro Universitário

Doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Curitiba-PR, Brasil.

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Publicado

2018-01-30

Como Citar

Oliva, D. C., & Pátaro, C. R. (2018). OS USOS E ABUSOS DO OLHAR: CLASSIFICANDO CORPOS POR TRÁS DAS CÂMERAS DE VIDEOMONITORAMENTO. Revista PsicoFAE: Pluralidades Em Saúde Mental, 6(2), 45–58. Recuperado de https://psico.fae.emnuvens.com.br/psico/article/view/136

Edição

Seção

Artigos